quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Liberalismo


Texto de Roberto G. Bianchetti





1ª PARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO DO LIBERALISMO

Há uma dificuldade inicial ao se buscar as raízes históricas do liberalismo

Razão: são múltiplas as interpretações que podem ser feitas a respeito das idéias dos autores clássicos


IMPORTANTE: a história do Liberalismo é de rupturas e de continuidades



Ruptura com a ordem medieval, baseada em uma estrutura hierarquizada.

Representa a sociedade moderna e estabelece o conflito derivado das novas formas de produção (Este aspecto se relaciona com o seu caráter de continuidade)

Continuidade --> presente nos marcos de uma sociedade capitalista


As idéias liberais (o termo liberalismo) podem ser entendidas em três acepções:

i) como concepção de mundo fundada no indivíduo;
ii) como teoria política à preocupada com as origens e natureza do poder;
iii) como teoria econômica, organizada sobre as leis de mercado
A UNIDADE DESSAS CONCEPÇÕES É O ENTENDIMENTO DO INDIVÍDUO COMO ÁTOMO SOCIAL

NESTE CONTEXTO à PODER POLÍTICO REPRESENTA A MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS GERADOS PELA FORMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO


OUTRO ASPECTO: Dos ideais liberais se desenvolvem 3 tendências:

a) conservadora – naturaliza as desigualdades sociais (DESIGUALDADES SOCIAIS SÃO EQUIVALENTES ÀS DESIGUALDADES DO ESTADO NATURAL);
b) moderada – busca manter a essência do capitalismo, abrindo espaço para pequenas reformas;
c) democrática – possui uma visão social e aceita certos direitos sociais que podem limitar alguns direitos individuais.



2ª PARTE – OS CLÁSSICOS DO LIBERALISMO POLÍTICO


1° PONTO – Há uma relação entre os pensadores liberais e os teóricos do Direito Natural

Para os teóricos do Direito Natural a natureza do poder está relacionada com a natureza do homem

Por que? o “... homem é considerado com um ser autônomo, independente de todo e qualquer vínculo social e político”

Esta idéia se inicia na Renascença e ganha força no Iluminismo



NO TOCANTE AO PODER à DESTAQUE PARA HOBBES (1588-1679)

Concepção Hobbesiana de poder:

ponto de partida: existência do Estado de natureza (estado pré-social) à relações são baseadas na supremacia física e inventiva dos homens à se estabelece a guerra de todos contra todos

Para ingressar na sociedade civil, o homem deve renunciar à sua soberania natural e delegar seu poder a uma instância superior e externa a ele.

O ESTADO (grande Leviatã = deus mortal) tem como objetivo salvaguardar o direito fundamental que é a vida.

IMPORTANTE: Na concepção de Hobbes o Estado não assume uma postura em termos de relações de cooperação, visto que:

SUA EXISTÊNCIA SE BASEIA NA REPRESENTAÇÃO DE VONTADES INDIVIDUAIS DE HOMENS QUE SE COLOCAM NUMA SITUAÇÃO DE CONCORRÊNCIA

O LEVIATÃ NÃO É CONTRA A BURGUESIA E SIM A REPRESENTAÇÃO DE PODER QUE ELA PRECISA




John Locke (1632-1704) também parte de um estado de natureza como ponto de partida da sociedade civil

Diferente de Hobbes, para Locke este estado de natureza é um estado de liberdade perfeita. O Estado social surge do consenso existente entre os homens a partir do estado de natureza.

Qual a razão do Estado social?

Garantir o direito a vida, a liberdade e aos bens.


IMPORTANTE: A propriedade não é instituição social, mas resultante da ação individual.

ASSIM à distinção entre PROPRIEDADE e TRABALHO

-- Propriedade – surge no estado natural, a partir da ação individual (trabalho);
-- Trabalho – instrumento que agrega valor e não garante direito de propriedade;

Desdobramentos:

DIREITOS DOS PROPRIETÁRIOS SÃO DIFERENTES DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES

DIREITO DE PROPRIEDADE SE RELACIONA À IDÉIA DE JUSTIÇA

Locke é a favor da divisão de poder:

Poder Legislativo (Assembléia) representa o poder supremo;

Poder Executivo se submete ao Legislativo.

O homem (a sociedade civil) tem o direito de modificar as Leis (a partir de seus representantes).
Já o poder Executivo é delegado totalmente para estabelecer o equilíbrio social.



3ª PARTE – DEMOCRACIA E LIBERALISMO


Século XVIII marcado pela prosperidade e pela expansão econômica.

Dois processos se destacam: i) Revolução Industrial (1760-);
ii) Revolução Francesa (1789-1799);


Processos representam ruptura definitiva com o tradicional.

Abertura para nova discussão.


DESTAQUE J. J. ROUSSEAU (1712-1778) considerado um teórico radical da democracia

Leva até a última conseqüência os ideais de liberdade e igualdade

Para Rousseau existe uma bondade inata no homem.
A sociedade o corrompe a partir da divisão do trabalho e da propriedade privada.

A SOLUÇÃO – buscar o senso ético inato dos homens e estabelecer a vontade geral


Para Rousseau, o contrato é “... um pacto com a comunidade dos homens, definida como sendo o sujeito de direito político e cada indivíduo como cidadão” (Bianchetti, 1999, p. 56)

A liberdade do homem está voltada para a vontade geral sobre a vontade individual.

FOCO DA VONTADE GERAL É MINIMIZAR AS DESIGUALDADES – A PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO É DIRETA


Critica de conservadores e neoliberais à Rousseau estabelece a tirania da maioria


Estas tendências temem a forma violenta com que se desencadeou a Revolução Francesa e a emergência das massas.



DESTAQUE PARA EDMUNDO BURKE (1729-1797), político inglês, que ressalta a DIFERENÇA ENTRE A REVOLUÇÃO INGLESA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

à Relações sociais baseadas em leis eternas à busca pela cooperação

“pretensão por igualdade é contra a natureza. Logo irrealizável”



TEMOR: QUE A MAIORIA COLOCASSE EM RISCO A PROPRIEDADE DOS BENS DA MINORIA


OUTRO AUTOR – ALEXIS DE TOCQUEVILLE (1805-1859) – DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES

Para Bobbio, Tocqueville é mais liberal que democrático.
EXISTE UMA CONTRAPOSIÇÃO HISTÓRICA ENTRE DEMOCRACIA E LIBERALISMO ECONÔMICO.

Macpherson identifica 3 tipos de modelos de democracia (pelo ângulo do liberalismo)

1)democracia protetora (James Mill) – maior felicidade para o maior número de indivíduos.
Também se enquadra Bentham – felicidade se relaciona à propriedade.
Deve-se escolher entre a segurança e a igualdade.
James Mill postula a idéia de “cada indivíduo um voto”. São excluídos analfabetos e menores
2)democracia desenvolvimentista (John Stuart Mill) – Consciente das desigualdades promovidas pela lógica da produção.
Da existência de duas classes: a) proprietária; b) desprovida
Defesa da ampliação do voto como voto plural;
3) democracia de equilibrio (modelo elitista pluralista) (Schumpeter) –
democracia é um mecanismo de escolha de governos (e não busca de fins morais)
A luta se dá em torno dos partidos e da escolha de representantes que farão as leis.

DEMOCRACIA É UM DISPOSITIVO DO MERCADO -->
VOTANTES = CONSUMIDORES
POLÍTICOS = EMPRESÁRIOS


MERCADO POLÍTICO PRODUZ UM EQUILIBRIO COM BASE NA DESIGUALDADE





Capitulo 3

O MODELO NEOLIBERAL


Indivíduos = moléculas sociais do sistema econômico.

Homens possuem capacidades naturais e contam com doses de instinto, somadas à sua racionalidade, vontade e desejos


Indivíduo = resultado da sorte.

Os homens são desiguais e essa desigualdade garante o equilíbrio e a complementariedade entre as funções.


Assim:


Objetivos individuais são supremos e os fins sociais se limitam a coincidências entre os objetivos individuais.




Instituições Sociais



São uma criação dos homens para relacionar interesses individuais na forma de um somatório.



Hayek diz que é comum a distinção entre “natural” (tosco, não estruturado) e “artificial” (planejado).

-- Outra definição: “... estruturas da vida social crescem e se desenvolvem do mesmo modo como se forma a estrutura física de um cristal ou como cresce uma árvore”. (Hayek, citado pp. 74 e 75)


-- Assim --> leis e instituições são decorrentes da tradição.


A tradição também subordina o conhecimento, que é passado de geração para geração.

Logo = como não se pode compreender a complexidade das instituições, cabe aceitá-las.


CONCLUSÃO = Toda transformação é limitada e depende da evolução social



Estado


Instituição que merece grande atenção dos neoliberais.

O Estado recebe as características de uma pessoa, porém dotado de um poder maior.


Para liberais --> O Estado (sociedade política) não deve intervir no Mercado (âmbito próprio da sociedade civil)


Papel do Estado --> se limita a estabelecer o “bem comum”. Mas para neoliberais é difícil estabelecer o “bem comum”:
1° - as relações são de competição;
2° - leis somatório das vontades individuais e das tradições;

FUNÇÃO ESPECÍFICA DO ESTADO --> garantir a igualdade juridica dos atores

A DINÂMICA SOCIAL É DADA PELO MERCADO
A NATURAL DESIGUALDADE ENTRE OS INDIVÍDUOS PODE SER SUPERADA.

A FUNÇÃO COERCITIVA DO ESTADO NÃO SE EXPLICA ENQUANTO INTERESSE DE CLASSES

É exatamente esta a crítica neoliberal ao Estado --> passou a ser um instrumento a serviço de grupos (burocracia, intelectuais) que coloca em risco as necessidades públicas (dos indivíduos)


TEMOR: ditadura da maioria


Estado e ordem social

Ordem social = equilíbrio estabelecido pela sociedade de mercado

Devido à imprevisibilidade da ação humana --> surge de forma espontânea

A ordem social surge naturalmente de uma regularidade do comportamento do individuo



Neoliberais distinguem:


sociedades livres –-> de mercado

sociedades totalitárias --> planificadas

Grande Questão: Como evitar que as sociedades livres se tornem planificadas?


Resposta: a única ação do Estado válida é a adotada para impedir a intervenção do Estado na economia (crítica ao Estado de bem-estar social keynesiano; à idéia de democracia radical e justificativa das ditaduras militares na América Latina)




Democracia

Hayek critica o modelo parlamentarista inglês – deu poderes ilimitados ao Legislativo --> ordem artificial que contraria as tradições --> o senso de justiça nasce naturalmente da sociedade


Diferencia:

leis – nascem da tradição;

disposições – são ações intecionadas dos homens

Crítica à democracia –-> Não surgiu naturalmente
--> a atuação das instituições pode levar à planificação;
--> comportamento dos planificadores --> gera ditadura;


Segundo Roberto B.G. --> América Latina viveu um paradoxo (sociedade veio a partir de uma planificação dirigida por uma ditadura)

Resultado: exclusão de vários grupos dos serviços de saúde, educação, etc.


Hayek identifica a democracia e a política com traços negativos de “negociata” e “busca de prazeres”, escondendo que as desigualdades vêm do modo capitalista de produção

Contra a democracia os neoliberais recomendam menos democracia e não maior participação dos excluídos


Mercado

Para os neoliberais é o eixo das relações sociais.

A cooperação surge da busca pelo interesse pessoal


Para Villarreal “o mercado é um mecanismo auto-regulador do processo econômico e auto-corretor dos eventuais e transitórios desequilíbrios do capitalismo” (citado na pag. 87)

A intervenção do Estado não é aceita --> gera desequílibrio no “jogo do mercado”

Mercado mediado por relações-meio: os homens buscam satisfazer os seus interesses individuais e não geram um fim comum


O ESTADO DEVE CUMPRIR APENAS UM PAPEL DE ÁRBITRO IMPARCIAL


Políticas sociais

Conjunto de medidas com o objetivo de desenvolver um determinado modelo social.

Tomam por base as condições das classes e da sociedade.

São estabelecidas a partir da atuação do Estado e contemplam as áreas de saúde, educação, habitação e previdência social.

Obs: A adoção de políticas sociais, em alguns momentos históricos, foram fundamentais para manter o processo de acumulação de riquezas

Hayek – políticas sociais enfraquece a livre sociedade e a livre economia.

O termo “justiça social” para Hayek é incorreto enquanto ação de políticas sociais

Somente a partir da aquisição dos bens que seu esforço permita o individuo alcança o bem-estar


ÊXITO OU FRACASSO INDIVIDUAL SÃO RESULTADOS DE CONDIÇÕES DO PRÓPRIO INDIVÍDUO


RESULTADOS INDIVIDUAIS DETERMINADOS PELA SORTE E PELA DECISÃO INDIVIDUAL

A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES SUPÕE UMA CARREIRA ABERTA AOS TALENTOS (Friedman)

Tentar igualar os resultados é contra a ordem do mercado.

As únicas ações de caridade aceitas pelos neoliberais são das FUNDAÇÕES.

RECHAÇA O ESTADO BENFEITOR (ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL)



Políticas Educacionais


Entendimento a partir de dois ângulos:

1° - relacionado à teoria do capital humano – educação voltada para a formação de “recursos humanos” para a estrutura de produção.
Articulação entre o sistema educativo e o sistema produtivo --> educativo serve ao reprodutivo.

A educação deve ser regida pela lei da oferta e da procura

Outra teoria concernente com o Neoliberalismo: Teoria das decisões públicas preocupada com o sistema de pressão, sanção e recompensa que determinam o comportamento dos agentes que concorrem à produção dos bens públicos (defesa nacional, admiistração da justiça, etc).


2° - se refere às políticas para a educação – mudanças do curricul, não necessariamente ligadas a um grupo hegemônico.



Financiamento


Friedman faz uma crítica ao processo de interferência do Estado e dos educadores na educação, o que gerou a sua ampliação.

Na sua concepção, os pais perderam poder sobre a educação e essa passou a buscar objetivos secundários: promover a mobilidade social e a integração racial


Quais eram os objtivos principais: formar as elites de poder e dar a cada um o que sua posição lhe destinava


A educação pública tirou a capacidade dos consumidores de escolher

Por outro lado ---> quem utiliza a educação privada --> paga duas vezes: a escola particular e os impostos que mantêm a educação pública

FRIEDMAN PROPÕE O SISTEMA DE CUPONS --> reduziria os gastos, aumentaria-se a competitividade, romperia-se com a burocracia

CONSEQUÊNCIA – Escola pública seria reduzida em prol das escolas privadas


Menção às universidade privadas: estudante cliente --> mais disposto --> maior qualidade (paga ou pagará depois)

--> “Bolsa de valores de cérebros”



Descentralização



Na retórica neoliberal é preciso descentralizar as decisões e as estruturas

Para Hayek a centralização só é oportuna em casos de guerra

Resultado: transferência dos órgãos nacionais para órgãos estaduais e municipais.


Roberto B. G. - isto não implica maior participação, visto que para neoliberais vale a regra dos interesses individuais

Não confundir a proposta de descentralização com a de democratização.


1ª PARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO DO LIBERALISMO

Há uma dificuldade inicial ao se buscar as raízes históricas do liberalismo

Razão: são múltiplas as interpretações que podem ser feitas a respeito das idéias dos autores clássicos


IMPORTANTE: a história do Liberalismo é de rupturas e de continuidades



Ruptura com a ordem medieval, baseada em uma estrutura hierarquizada.

Representa a sociedade moderna e estabelece o conflito derivado das novas formas de produção (Este aspecto se relaciona com o seu caráter de continuidade)

Continuidade --> presente nos marcos de uma sociedade capitalista


As idéias liberais (o termo liberalismo) podem ser entendidas em três acepções:

i) como concepção de mundo fundada no indivíduo;
ii) como teoria política à preocupada com as origens e natureza do poder;
iii) como teoria econômica, organizada sobre as leis de mercado

A UNIDADE DESSAS CONCEPÇÕES É O ENTENDIMENTO DO INDIVÍDUO COMO ÁTOMO SOCIAL

NESTE CONTEXTO à PODER POLÍTICO REPRESENTA A MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS GERADOS PELA FORMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO


OUTRO ASPECTO: Dos ideais liberais se desenvolvem 3 tendências:

a) conservadora – naturaliza as desigualdades sociais (DESIGUALDADES SOCIAIS SÃO EQUIVALENTES ÀS DESIGUALDADES DO ESTADO NATURAL);
b) moderada – busca manter a essência do capitalismo, abrindo espaço para pequenas reformas;
c) democrática – possui uma visão social e aceita certos direitos sociais que podem limitar alguns direitos individuais.



2ª PARTE – OS CLÁSSICOS DO LIBERALISMO POLÍTICO


1° PONTO – Há uma relação entre os pensadores liberais e os teóricos do Direito Natural

Para os teóricos do Direito Natural a natureza do poder está relacionada com a natureza do homem

Por que? o “... homem é considerado com um ser autônomo, independente de todo e qualquer vínculo social e político”

Esta idéia se inicia na Renascença e ganha força no Iluminismo



NO TOCANTE AO PODER à DESTAQUE PARA HOBBES (1588-1679)

Concepção Hobbesiana de poder:

ponto de partida: existência do Estado de natureza (estado pré-social) à relações são baseadas na supremacia física e inventiva dos homens à se estabelece a guerra de todos contra todos

Para ingressar na sociedade civil, o homem deve renunciar à sua soberania natural e delegar seu poder a uma instância superior e externa a ele.

O ESTADO (grande Leviatã = deus mortal) tem como objetivo salvaguardar o direito fundamental que é a vida.

IMPORTANTE: Na concepção de Hobbes o Estado não assume uma postura em termos de relações de cooperação, visto que:

SUA EXISTÊNCIA SE BASEIA NA REPRESENTAÇÃO DE VONTADES INDIVIDUAIS DE HOMENS QUE SE COLOCAM NUMA SITUAÇÃO DE CONCORRÊNCIA

O LEVIATÃ NÃO É CONTRA A BURGUESIA E SIM A REPRESENTAÇÃO DE PODER QUE ELA PRECISA




John Locke (1632-1704) também parte de um estado de natureza como ponto de partida da sociedade civil

Diferente de Hobbes, para Locke este estado de natureza é um estado de liberdade perfeita. O Estado social surge do consenso existente entre os homens a partir do estado de natureza.

Qual a razão do Estado social?

Garantir o direito a vida, a liberdade e aos bens.


IMPORTANTE: A propriedade não é instituição social, mas resultante da ação individual.

ASSIM à distinção entre PROPRIEDADE e TRABALHO

-- Propriedade – surge no estado natural, a partir da ação individual (trabalho);
-- Trabalho – instrumento que agrega valor e não garante direito de propriedade;

Desdobramentos:

DIREITOS DOS PROPRIETÁRIOS SÃO DIFERENTES DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES

DIREITO DE PROPRIEDADE SE RELACIONA À IDÉIA DE JUSTIÇA

Locke é a favor da divisão de poder:

Poder Legislativo (Assembléia) representa o poder supremo;

Poder Executivo se submete ao Legislativo.

O homem (a sociedade civil) tem o direito de modificar as Leis (a partir de seus representantes).
Já o poder Executivo é delegado totalmente para estabelecer o equilíbrio social.



3ª PARTE – DEMOCRACIA E LIBERALISMO


Século XVIII marcado pela prosperidade e pela expansão econômica.

Dois processos se destacam: i) Revolução Industrial (1760-);
ii) Revolução Francesa (1789-1799);


Processos representam ruptura definitiva com o tradicional.

Abertura para nova discussão.


DESTAQUE J. J. ROUSSEAU (1712-1778) considerado um teórico radical da democracia

Leva até a última conseqüência os ideais de liberdade e igualdade

Para Rousseau existe uma bondade inata no homem.
A sociedade o corrompe a partir da divisão do trabalho e da propriedade privada.

A SOLUÇÃO – buscar o senso ético inato dos homens e estabelecer a vontade geral


Para Rousseau, o contrato é “... um pacto com a comunidade dos homens, definida como sendo o sujeito de direito político e cada indivíduo como cidadão” (Bianchetti, 1999, p. 56)

A liberdade do homem está voltada para a vontade geral sobre a vontade individual.

FOCO DA VONTADE GERAL É MINIMIZAR AS DESIGUALDADES – A PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO É DIRETA


Critica de conservadores e neoliberais à Rousseau estabelece a tirania da maioria


Estas tendências temem a forma violenta com que se desencadeou a Revolução Francesa e a emergência das massas.



DESTAQUE PARA EDMUNDO BURKE (1729-1797), político inglês, que ressalta a DIFERENÇA ENTRE A REVOLUÇÃO INGLESA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

à Relações sociais baseadas em leis eternas à busca pela cooperação

“pretensão por igualdade é contra a natureza. Logo irrealizável”



TEMOR: QUE A MAIORIA COLOCASSE EM RISCO A PROPRIEDADE DOS BENS DA MINORIA


OUTRO AUTOR – ALEXIS DE TOCQUEVILLE (1805-1859) – DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES

Para Bobbio, Tocqueville é mais liberal que democrático.
EXISTE UMA CONTRAPOSIÇÃO HISTÓRICA ENTRE DEMOCRACIA E LIBERALISMO ECONÔMICO.

Macpherson identifica 3 tipos de modelos de democracia (pelo ângulo do liberalismo)

1)democracia protetora (James Mill) – maior felicidade para o maior número de indivíduos.
Também se enquadra Bentham – felicidade se relaciona à propriedade.
Deve-se escolher entre a segurança e a igualdade.
James Mill postula a idéia de “cada indivíduo um voto”. São excluídos analfabetos e menores
2)democracia desenvolvimentista (John Stuart Mill) – Consciente das desigualdades promovidas pela lógica da produção.
Da existência de duas classes: a) proprietária; b) desprovida
Defesa da ampliação do voto como voto plural;
3) democracia de equilibrio (modelo elitista pluralista) (Schumpeter) –
democracia é um mecanismo de escolha de governos (e não busca de fins morais)
A luta se dá em torno dos partidos e da escolha de representantes que farão as leis.

DEMOCRACIA É UM DISPOSITIVO DO MERCADO -->
VOTANTES = CONSUMIDORES
POLÍTICOS = EMPRESÁRIOS


MERCADO POLÍTICO PRODUZ UM EQUILIBRIO COM BASE NA DESIGUALDADE





Capitulo 3

O MODELO NEOLIBERAL


Indivíduos = moléculas sociais do sistema econômico.

Homens possuem capacidades naturais e contam com doses de instinto, somadas à sua racionalidade, vontade e desejos


Indivíduo = resultado da sorte.

Os homens são desiguais e essa desigualdade garante o equilíbrio e a complementariedade entre as funções.


Assim:


Objetivos individuais são supremos e os fins sociais se limitam a coincidências entre os objetivos individuais.




Instituições Sociais



São uma criação dos homens para relacionar interesses individuais na forma de um somatório.



Hayek diz que é comum a distinção entre “natural” (tosco, não estruturado) e “artificial” (planejado).

-- Outra definição: “... estruturas da vida social crescem e se desenvolvem do mesmo modo como se forma a estrutura física de um cristal ou como cresce uma árvore”. (Hayek, citado pp. 74 e 75)


-- Assim --> leis e instituições são decorrentes da tradição.


A tradição também subordina o conhecimento, que é passado de geração para geração.

Logo = como não se pode compreender a complexidade das instituições, cabe aceitá-las.


CONCLUSÃO = Toda transformação é limitada e depende da evolução social



Estado


Instituição que merece grande atenção dos neoliberais.

O Estado recebe as características de uma pessoa, porém dotado de um poder maior.


Para liberais --> O Estado (sociedade política) não deve intervir no Mercado (âmbito próprio da sociedade civil)


Papel do Estado --> se limita a estabelecer o “bem comum”. Mas para neoliberais é difícil estabelecer o “bem comum”:
1° - as relações são de competição;
2° - leis somatório das vontades individuais e das tradições;

FUNÇÃO ESPECÍFICA DO ESTADO --> garantir a igualdade juridica dos atores

A DINÂMICA SOCIAL É DADA PELO MERCADO
A NATURAL DESIGUALDADE ENTRE OS INDIVÍDUOS PODE SER SUPERADA.

A FUNÇÃO COERCITIVA DO ESTADO NÃO SE EXPLICA ENQUANTO INTERESSE DE CLASSES

É exatamente esta a crítica neoliberal ao Estado --> passou a ser um instrumento a serviço de grupos (burocracia, intelectuais) que coloca em risco as necessidades públicas (dos indivíduos)


TEMOR: ditadura da maioria


Estado e ordem social

Ordem social = equilíbrio estabelecido pela sociedade de mercado

Devido à imprevisibilidade da ação humana --> surge de forma espontânea

A ordem social surge naturalmente de uma regularidade do comportamento do individuo



Neoliberais distinguem:


sociedades livres –-> de mercado

sociedades totalitárias --> planificadas

Grande Questão: Como evitar que as sociedades livres se tornem planificadas?


Resposta: a única ação do Estado válida é a adotada para impedir a intervenção do Estado na economia (crítica ao Estado de bem-estar social keynesiano; à idéia de democracia radical e justificativa das ditaduras militares na América Latina)




Democracia

Hayek critica o modelo parlamentarista inglês – deu poderes ilimitados ao Legislativo --> ordem artificial que contraria as tradições --> o senso de justiça nasce naturalmente da sociedade


Diferencia:

leis – nascem da tradição;

disposições – são ações intecionadas dos homens

Crítica à democracia –-> Não surgiu naturalmente
--> a atuação das instituições pode levar à planificação;
--> comportamento dos planificadores --> gera ditadura;


Segundo Roberto B.G. --> América Latina viveu um paradoxo (sociedade veio a partir de uma planificação dirigida por uma ditadura)

Resultado: exclusão de vários grupos dos serviços de saúde, educação, etc.


Hayek identifica a democracia e a política com traços negativos de “negociata” e “busca de prazeres”, escondendo que as desigualdades vêm do modo capitalista de produção

Contra a democracia os neoliberais recomendam menos democracia e não maior participação dos excluídos


Mercado

Para os neoliberais é o eixo das relações sociais.

A cooperação surge da busca pelo interesse pessoal


Para Villarreal “o mercado é um mecanismo auto-regulador do processo econômico e auto-corretor dos eventuais e transitórios desequilíbrios do capitalismo” (citado na pag. 87)

A intervenção do Estado não é aceita --> gera desequílibrio no “jogo do mercado”

Mercado mediado por relações-meio: os homens buscam satisfazer os seus interesses individuais e não geram um fim comum


O ESTADO DEVE CUMPRIR APENAS UM PAPEL DE ÁRBITRO IMPARCIAL


Políticas sociais

Conjunto de medidas com o objetivo de desenvolver um determinado modelo social.

Tomam por base as condições das classes e da sociedade.

São estabelecidas a partir da atuação do Estado e contemplam as áreas de saúde, educação, habitação e previdência social.

Obs: A adoção de políticas sociais, em alguns momentos históricos, foram fundamentais para manter o processo de acumulação de riquezas

Hayek – políticas sociais enfraquece a livre sociedade e a livre economia.

O termo “justiça social” para Hayek é incorreto enquanto ação de políticas sociais

Somente a partir da aquisição dos bens que seu esforço permita o individuo alcança o bem-estar


ÊXITO OU FRACASSO INDIVIDUAL SÃO RESULTADOS DE CONDIÇÕES DO PRÓPRIO INDIVÍDUO


RESULTADOS INDIVIDUAIS DETERMINADOS PELA SORTE E PELA DECISÃO INDIVIDUAL

A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES SUPÕE UMA CARREIRA ABERTA AOS TALENTOS (Friedman)

Tentar igualar os resultados é contra a ordem do mercado.

As únicas ações de caridade aceitas pelos neoliberais são das FUNDAÇÕES.

RECHAÇA O ESTADO BENFEITOR (ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL)



Políticas Educacionais


Entendimento a partir de dois ângulos:

1° - relacionado à teoria do capital humano – educação voltada para a formação de “recursos humanos” para a estrutura de produção.
Articulação entre o sistema educativo e o sistema produtivo --> educativo serve ao reprodutivo.

A educação deve ser regida pela lei da oferta e da procura

Outra teoria concernente com o Neoliberalismo: Teoria das decisões públicas preocupada com o sistema de pressão, sanção e recompensa que determinam o comportamento dos agentes que concorrem à produção dos bens públicos (defesa nacional, admiistração da justiça, etc).


2° - se refere às políticas para a educação – mudanças do curricul, não necessariamente ligadas a um grupo hegemônico.



Financiamento


Friedman faz uma crítica ao processo de interferência do Estado e dos educadores na educação, o que gerou a sua ampliação.

Na sua concepção, os pais perderam poder sobre a educação e essa passou a buscar objetivos secundários: promover a mobilidade social e a integração racial


Quais eram os objtivos principais: formar as elites de poder e dar a cada um o que sua posição lhe destinava


A educação pública tirou a capacidade dos consumidores de escolher

Por outro lado ---> quem utiliza a educação privada --> paga duas vezes: a escola particular e os impostos que mantêm a educação pública

FRIEDMAN PROPÕE O SISTEMA DE CUPONS --> reduziria os gastos, aumentaria-se a competitividade, romperia-se com a burocracia

CONSEQUÊNCIA – Escola pública seria reduzida em prol das escolas privadas


Menção às universidade privadas: estudante cliente --> mais disposto --> maior qualidade (paga ou pagará depois)

--> “Bolsa de valores de cérebros”



Descentralização



Na retórica neoliberal é preciso descentralizar as decisões e as estruturas

Para Hayek a centralização só é oportuna em casos de guerra

Resultado: transferência dos órgãos nacionais para órgãos estaduais e municipais.


Roberto B. G. - isto não implica maior participação, visto que para neoliberais vale a regra dos interesses individuais

Não confundir a proposta de descentralização com a de democratização.


1ª PARTE – CONTEXTUALIZAÇÃO DO LIBERALISMO

Há uma dificuldade inicial ao se buscar as raízes históricas do liberalismo

Razão: são múltiplas as interpretações que podem ser feitas a respeito das idéias dos autores clássicos


IMPORTANTE: a história do Liberalismo é de rupturas e de continuidades



Ruptura com a ordem medieval, baseada em uma estrutura hierarquizada.

Representa a sociedade moderna e estabelece o conflito derivado das novas formas de produção (Este aspecto se relaciona com o seu caráter de continuidade)

Continuidade --> presente nos marcos de uma sociedade capitalista


As idéias liberais (o termo liberalismo) podem ser entendidas em três acepções:

i) como concepção de mundo fundada no indivíduo;
ii) como teoria política à preocupada com as origens e natureza do poder;
iii) como teoria econômica, organizada sobre as leis de mercado

A UNIDADE DESSAS CONCEPÇÕES É O ENTENDIMENTO DO INDIVÍDUO COMO ÁTOMO SOCIAL

NESTE CONTEXTO à PODER POLÍTICO REPRESENTA A MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS GERADOS PELA FORMA CAPITALISTA DE PRODUÇÃO


OUTRO ASPECTO: Dos ideais liberais se desenvolvem 3 tendências:

a) conservadora – naturaliza as desigualdades sociais (DESIGUALDADES SOCIAIS SÃO EQUIVALENTES ÀS DESIGUALDADES DO ESTADO NATURAL);
b) moderada – busca manter a essência do capitalismo, abrindo espaço para pequenas reformas;
c) democrática – possui uma visão social e aceita certos direitos sociais que podem limitar alguns direitos individuais.



2ª PARTE – OS CLÁSSICOS DO LIBERALISMO POLÍTICO


1° PONTO – Há uma relação entre os pensadores liberais e os teóricos do Direito Natural

Para os teóricos do Direito Natural a natureza do poder está relacionada com a natureza do homem

Por que? o “... homem é considerado com um ser autônomo, independente de todo e qualquer vínculo social e político”

Esta idéia se inicia na Renascença e ganha força no Iluminismo



NO TOCANTE AO PODER à DESTAQUE PARA HOBBES (1588-1679)

Concepção Hobbesiana de poder:

ponto de partida: existência do Estado de natureza (estado pré-social) à relações são baseadas na supremacia física e inventiva dos homens à se estabelece a guerra de todos contra todos

Para ingressar na sociedade civil, o homem deve renunciar à sua soberania natural e delegar seu poder a uma instância superior e externa a ele.

O ESTADO (grande Leviatã = deus mortal) tem como objetivo salvaguardar o direito fundamental que é a vida.

IMPORTANTE: Na concepção de Hobbes o Estado não assume uma postura em termos de relações de cooperação, visto que:

SUA EXISTÊNCIA SE BASEIA NA REPRESENTAÇÃO DE VONTADES INDIVIDUAIS DE HOMENS QUE SE COLOCAM NUMA SITUAÇÃO DE CONCORRÊNCIA

O LEVIATÃ NÃO É CONTRA A BURGUESIA E SIM A REPRESENTAÇÃO DE PODER QUE ELA PRECISA




John Locke (1632-1704) também parte de um estado de natureza como ponto de partida da sociedade civil

Diferente de Hobbes, para Locke este estado de natureza é um estado de liberdade perfeita. O Estado social surge do consenso existente entre os homens a partir do estado de natureza.

Qual a razão do Estado social?

Garantir o direito a vida, a liberdade e aos bens.


IMPORTANTE: A propriedade não é instituição social, mas resultante da ação individual.

ASSIM à distinção entre PROPRIEDADE e TRABALHO

-- Propriedade – surge no estado natural, a partir da ação individual (trabalho);
-- Trabalho – instrumento que agrega valor e não garante direito de propriedade;

Desdobramentos:

DIREITOS DOS PROPRIETÁRIOS SÃO DIFERENTES DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES

DIREITO DE PROPRIEDADE SE RELACIONA À IDÉIA DE JUSTIÇA

Locke é a favor da divisão de poder:

Poder Legislativo (Assembléia) representa o poder supremo;

Poder Executivo se submete ao Legislativo.

O homem (a sociedade civil) tem o direito de modificar as Leis (a partir de seus representantes).
Já o poder Executivo é delegado totalmente para estabelecer o equilíbrio social.



3ª PARTE – DEMOCRACIA E LIBERALISMO


Século XVIII marcado pela prosperidade e pela expansão econômica.

Dois processos se destacam: i) Revolução Industrial (1760-);
ii) Revolução Francesa (1789-1799);


Processos representam ruptura definitiva com o tradicional.

Abertura para nova discussão.


DESTAQUE J. J. ROUSSEAU (1712-1778) considerado um teórico radical da democracia

Leva até a última conseqüência os ideais de liberdade e igualdade

Para Rousseau existe uma bondade inata no homem.
A sociedade o corrompe a partir da divisão do trabalho e da propriedade privada.

A SOLUÇÃO – buscar o senso ético inato dos homens e estabelecer a vontade geral


Para Rousseau, o contrato é “... um pacto com a comunidade dos homens, definida como sendo o sujeito de direito político e cada indivíduo como cidadão” (Bianchetti, 1999, p. 56)

A liberdade do homem está voltada para a vontade geral sobre a vontade individual.

FOCO DA VONTADE GERAL É MINIMIZAR AS DESIGUALDADES – A PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO É DIRETA


Critica de conservadores e neoliberais à Rousseau estabelece a tirania da maioria


Estas tendências temem a forma violenta com que se desencadeou a Revolução Francesa e a emergência das massas.



DESTAQUE PARA EDMUNDO BURKE (1729-1797), político inglês, que ressalta a DIFERENÇA ENTRE A REVOLUÇÃO INGLESA E A REVOLUÇÃO FRANCESA

à Relações sociais baseadas em leis eternas à busca pela cooperação

“pretensão por igualdade é contra a natureza. Logo irrealizável”



TEMOR: QUE A MAIORIA COLOCASSE EM RISCO A PROPRIEDADE DOS BENS DA MINORIA


OUTRO AUTOR – ALEXIS DE TOCQUEVILLE (1805-1859) – DESCENTRALIZAÇÃO DAS DECISÕES

Para Bobbio, Tocqueville é mais liberal que democrático.
EXISTE UMA CONTRAPOSIÇÃO HISTÓRICA ENTRE DEMOCRACIA E LIBERALISMO ECONÔMICO.

Macpherson identifica 3 tipos de modelos de democracia (pelo ângulo do liberalismo)

1)democracia protetora (James Mill) – maior felicidade para o maior número de indivíduos.
Também se enquadra Bentham – felicidade se relaciona à propriedade.
Deve-se escolher entre a segurança e a igualdade.
James Mill postula a idéia de “cada indivíduo um voto”. São excluídos analfabetos e menores
2)democracia desenvolvimentista (John Stuart Mill) – Consciente das desigualdades promovidas pela lógica da produção.
Da existência de duas classes: a) proprietária; b) desprovida
Defesa da ampliação do voto como voto plural;
3) democracia de equilibrio (modelo elitista pluralista) (Schumpeter) –
democracia é um mecanismo de escolha de governos (e não busca de fins morais)
A luta se dá em torno dos partidos e da escolha de representantes que farão as leis.

DEMOCRACIA É UM DISPOSITIVO DO MERCADO -->
VOTANTES = CONSUMIDORES
POLÍTICOS = EMPRESÁRIOS


MERCADO POLÍTICO PRODUZ UM EQUILIBRIO COM BASE NA DESIGUALDADE





Capitulo 3

O MODELO NEOLIBERAL


Indivíduos = moléculas sociais do sistema econômico.

Homens possuem capacidades naturais e contam com doses de instinto, somadas à sua racionalidade, vontade e desejos


Indivíduo = resultado da sorte.

Os homens são desiguais e essa desigualdade garante o equilíbrio e a complementariedade entre as funções.


Assim:


Objetivos individuais são supremos e os fins sociais se limitam a coincidências entre os objetivos individuais.




Instituições Sociais



São uma criação dos homens para relacionar interesses individuais na forma de um somatório.



Hayek diz que é comum a distinção entre “natural” (tosco, não estruturado) e “artificial” (planejado).

-- Outra definição: “... estruturas da vida social crescem e se desenvolvem do mesmo modo como se forma a estrutura física de um cristal ou como cresce uma árvore”. (Hayek, citado pp. 74 e 75)


-- Assim --> leis e instituições são decorrentes da tradição.


A tradição também subordina o conhecimento, que é passado de geração para geração.

Logo = como não se pode compreender a complexidade das instituições, cabe aceitá-las.


CONCLUSÃO = Toda transformação é limitada e depende da evolução social



Estado


Instituição que merece grande atenção dos neoliberais.

O Estado recebe as características de uma pessoa, porém dotado de um poder maior.


Para liberais --> O Estado (sociedade política) não deve intervir no Mercado (âmbito próprio da sociedade civil)


Papel do Estado --> se limita a estabelecer o “bem comum”. Mas para neoliberais é difícil estabelecer o “bem comum”:
1° - as relações são de competição;
2° - leis somatório das vontades individuais e das tradições;

FUNÇÃO ESPECÍFICA DO ESTADO --> garantir a igualdade juridica dos atores

A DINÂMICA SOCIAL É DADA PELO MERCADO
A NATURAL DESIGUALDADE ENTRE OS INDIVÍDUOS PODE SER SUPERADA.

A FUNÇÃO COERCITIVA DO ESTADO NÃO SE EXPLICA ENQUANTO INTERESSE DE CLASSES

É exatamente esta a crítica neoliberal ao Estado --> passou a ser um instrumento a serviço de grupos (burocracia, intelectuais) que coloca em risco as necessidades públicas (dos indivíduos)


TEMOR: ditadura da maioria


Estado e ordem social

Ordem social = equilíbrio estabelecido pela sociedade de mercado

Devido à imprevisibilidade da ação humana --> surge de forma espontânea

A ordem social surge naturalmente de uma regularidade do comportamento do individuo



Neoliberais distinguem:


sociedades livres –-> de mercado

sociedades totalitárias --> planificadas

Grande Questão: Como evitar que as sociedades livres se tornem planificadas?


Resposta: a única ação do Estado válida é a adotada para impedir a intervenção do Estado na economia (crítica ao Estado de bem-estar social keynesiano; à idéia de democracia radical e justificativa das ditaduras militares na América Latina)




Democracia

Hayek critica o modelo parlamentarista inglês – deu poderes ilimitados ao Legislativo --> ordem artificial que contraria as tradições --> o senso de justiça nasce naturalmente da sociedade


Diferencia:

leis – nascem da tradição;

disposições – são ações intecionadas dos homens

Crítica à democracia –-> Não surgiu naturalmente
--> a atuação das instituições pode levar à planificação;
--> comportamento dos planificadores --> gera ditadura;


Segundo Roberto B.G. --> América Latina viveu um paradoxo (sociedade veio a partir de uma planificação dirigida por uma ditadura)

Resultado: exclusão de vários grupos dos serviços de saúde, educação, etc.


Hayek identifica a democracia e a política com traços negativos de “negociata” e “busca de prazeres”, escondendo que as desigualdades vêm do modo capitalista de produção

Contra a democracia os neoliberais recomendam menos democracia e não maior participação dos excluídos


Mercado

Para os neoliberais é o eixo das relações sociais.

A cooperação surge da busca pelo interesse pessoal


Para Villarreal “o mercado é um mecanismo auto-regulador do processo econômico e auto-corretor dos eventuais e transitórios desequilíbrios do capitalismo” (citado na pag. 87)

A intervenção do Estado não é aceita --> gera desequílibrio no “jogo do mercado”

Mercado mediado por relações-meio: os homens buscam satisfazer os seus interesses individuais e não geram um fim comum


O ESTADO DEVE CUMPRIR APENAS UM PAPEL DE ÁRBITRO IMPARCIAL


Políticas sociais

Conjunto de medidas com o objetivo de desenvolver um determinado modelo social.

Tomam por base as condições das classes e da sociedade.

São estabelecidas a partir da atuação do Estado e contemplam as áreas de saúde, educação, habitação e previdência social.

Obs: A adoção de políticas sociais, em alguns momentos históricos, foram fundamentais para manter o processo de acumulação de riquezas

Hayek – políticas sociais enfraquece a livre sociedade e a livre economia.

O termo “justiça social” para Hayek é incorreto enquanto ação de políticas sociais

Somente a partir da aquisição dos bens que seu esforço permita o individuo alcança o bem-estar


ÊXITO OU FRACASSO INDIVIDUAL SÃO RESULTADOS DE CONDIÇÕES DO PRÓPRIO INDIVÍDUO


RESULTADOS INDIVIDUAIS DETERMINADOS PELA SORTE E PELA DECISÃO INDIVIDUAL

A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES SUPÕE UMA CARREIRA ABERTA AOS TALENTOS (Friedman)

Tentar igualar os resultados é contra a ordem do mercado.

As únicas ações de caridade aceitas pelos neoliberais são das FUNDAÇÕES.

RECHAÇA O ESTADO BENFEITOR (ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL)



Políticas Educacionais


Entendimento a partir de dois ângulos:

1° - relacionado à teoria do capital humano – educação voltada para a formação de “recursos humanos” para a estrutura de produção.
Articulação entre o sistema educativo e o sistema produtivo --> educativo serve ao reprodutivo.

A educação deve ser regida pela lei da oferta e da procura

Outra teoria concernente com o Neoliberalismo: Teoria das decisões públicas preocupada com o sistema de pressão, sanção e recompensa que determinam o comportamento dos agentes que concorrem à produção dos bens públicos (defesa nacional, admiistração da justiça, etc).


2° - se refere às políticas para a educação – mudanças do curricul, não necessariamente ligadas a um grupo hegemônico.



Financiamento


Friedman faz uma crítica ao processo de interferência do Estado e dos educadores na educação, o que gerou a sua ampliação.

Na sua concepção, os pais perderam poder sobre a educação e essa passou a buscar objetivos secundários: promover a mobilidade social e a integração racial


Quais eram os objtivos principais: formar as elites de poder e dar a cada um o que sua posição lhe destinava


A educação pública tirou a capacidade dos consumidores de escolher

Por outro lado ---> quem utiliza a educação privada --> paga duas vezes: a escola particular e os impostos que mantêm a educação pública

FRIEDMAN PROPÕE O SISTEMA DE CUPONS --> reduziria os gastos, aumentaria-se a competitividade, romperia-se com a burocracia

CONSEQUÊNCIA – Escola pública seria reduzida em prol das escolas privadas


Menção às universidade privadas: estudante cliente --> mais disposto --> maior qualidade (paga ou pagará depois)

--> “Bolsa de valores de cérebros”



Descentralização



Na retórica neoliberal é preciso descentralizar as decisões e as estruturas

Para Hayek a centralização só é oportuna em casos de guerra

Resultado: transferência dos órgãos nacionais para órgãos estaduais e municipais.


Roberto B. G. - isto não implica maior participação, visto que para neoliberais vale a regra dos interesses individuais

Não confundir a proposta de descentralização com a de democratização.