quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Guerra Civil Espanhola

     A Guerra Civil Espanhola foi o acontecimento mais dramático que ocorrido antes da Segunda Guerra Mundial, mais exatamente no ano de 1936 até 1939. Nela estavam contidos todos os elementos militares e ideológicos que marcaram o século XX.

     Nesse conflito de um lado estavam posicionadas as forças nacionalistas e fascistas aliadas a instituições tradicionais da Espanha, dentre elas o Exército, a Igreja e os Latifundiários (grandes proprietários de terra). Do outro lado da moeda estava contido a Frente Popular que era a base do Governo Republicano Espanhol, representados pelos sindicatos, partidos de esquerda e os partidários da democracia.
     Para o primeiro grupo mencionado o conflito se serviria para livrar o país da influencia comunista restabelecendo assim os valores da Espanha tradicional, ou seja o autoritarismo e o catolicismo. Para isso acontecer era preciso acabar com a República que havia sido proclamada em 1931 com a queda da monarquia.
     Já para o segundo grupo citado acima era preciso dar um basta em todo esse avanço das forças fascistas que já havia conquistado toda a Itália (em 1922), toda Alemanha (em 1933) e toda a Áustria (em 1934).

     Segundo as decisões da Internacional Comunista de 1935, elas deveriam se aproximar de partidos democráticos de classe média para que sejam formados uma Frente Popular que teria como função enfrentar todo esse sucesso nazi-fascista. Assim, socialistas, comunistas, anarquistas e democratas liberais deveriam se unir para tentar barrar o avanço nazi-fascista.
     Com a grave crise econômica da década de 30, que foi iniciada pela quebra da bolsa de Nova Iorque a ditadura do General Primo de Rivera foi derrubada e em seguida caiu também a Monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamaram a Republica em 1931, que é conhecida como Republica de Tabajadores. A partir disso a esperança era que a Espanha seguisse o caminho das outras nações ocidentais fazendo uma reforma que separasse o Estado da Igreja, que aceitassem o pluripartidarismo, além da liberdade de expressão e organização sindical. Mas nada disso aconteceu, o País conheceu assim um violento enfrentamento de classes seguida por uma grande depressão econômica, gerando uma grande frustração generalizada na sociedade espanhola.
     O clima de turbulência foi motivado pela intensificação da luta de classes, principalmente entre anarquistas e direitistas que provocou inúmeros assassinatos políticos o que contribuiu para criar uma situação de instabilidade que afetou o prestígio da frente popular.
GUERNICA. Quadro pintado por Pablo Picasso, e representa o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abrill de 1937 por aviões alemães, apoiando o ditador Francisco Franco

     Com isso direita estava entusiasmada com o sucesso de Hitler que se somou ao golpe direitista de Dolfuss na Áustria em 1934. Apesar de terem perdidos as eleições os direitistas começaram a conspirar contra o governo recebendo o apoio de militares e dos regimes fascistas (de Portugal, Alemanha, e Italia). Acreditavam que esse apoio dos militares derrubariam facilmente a Republica. No dia 18 de julho de 1936 o General Francisco Franco insurge o exercito contra o governo Republicano. Ocorre é que nas principais cidades como Madri e Barcelona o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe.   Com isso milicias anarquistas e socialistas foram até então formadas para resistir ao golpe militar.

     O país então em pouco tempo ficou completamente dividido em áreas nacionalistas, dominados pelas forças do General Franco e em áreas republicanas, controladas pelos esquerdistas. Nas áreas republicanas houve uma revolução social, terras foram coletivizadas, as fábricas foram dominadas pelos sindicatos, assim como o meio de comunicação.
     Porém a superioridade militar do General Franco imposta sob as direitas foi o fator decisivo na vitoria dele sob a República. Em 1938 suas forças cortaram a Espanha em duas partes, isolando assim a Catalunha do resto do pais.
     As baixas da Guerra Civil Espanhola oscilam entre 330 e 405 mil mortos, meio milhão de prédios foram destruídos, metade do gado Espanhol foi morto, além disso a renda per capita reduziu em 30% e fez com que a Espanha afundasse numa estagnação econômica que se prolongou por quase 30 anos.







Fontes:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_civil_espanha.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_Espanhola
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u34.jhtm

domingo, 21 de outubro de 2012

A centralização do poder nas monarquias europeias


A centralização

     Quando falamos em Europa dificilmente imaginamos o continente europeu sem os países como França,  Inglaterra, Portugal ou Espanha, não é mesmo? Esses países  começaram a se consolidar a partir da Baixa Idade Média, paralelamente ao desenvolvimento do comércio e das cidades.
     Até então, nos diversos reinos formados pela Europa com a desagregação do Império Romano do ocidente, os reis exerciam, principalmente, funções militares e políticas. Sem cumprir atividades administrativas, o rei tinha seus poderes limitados pela ação da nobreza feudal, que, por serem os senhores da terra, controlava de fato o poder. Essa organização do poder é chamada monarquia feudal e sua principal característica era a fragmentação do poder.
     A partir do século XI, em algumas regiões da Europa, as monarquias feudais iriam servir  de base para a formação de governos centralizados: é o caso da França, da Inglaterra e de Castela (atual Espanha).
     Os reis começaram então a concentrar grandes poderes, em parte por causa do apoio e do dinheiro recebido dos burgueses. Ao longo de algum tempo, a aproximação entre o rei e a  burguesia colocariam fim à fragmentação do poder. Entretanto, isso não significou a exclusão da nobreza feudal do poder. Ela se manteve ligada ao rei e usufruindo da sua política.
     Além dos reis, ganharam importância nesse processo os burgueses, que se tornaram o grupo social de maior poder político e, sobretudo, econômico.

A formação das monarquias

     Durante quase toda a Idade Média não existiam paises como os que conhecemos hoje. Assim, morar em Londres ou em paris não significava morar na Inglaterra ou na França. As pessoas sentiam-se ligadas apenas a uma cidade, a um feudo ou a um reino.
     O processo de formação de monarquias com poder centralizado na Europa iniciou-se no século XI e consolidou-se entre os séculos XIV e XVI. Ao final de alguns séculos, esse processo daria origem a muitos dos paises atuais da Europa, como França, Portugal e Espanha. Entretanto, ele não ocorreu ao mesmo tempo e da mesma maneira em todos os lugares do continente. Em regiões como a península Itálica e o norte da Europa nem chegaria a se consolidar.
     Quase sempre estiveram envolvidos nesse processo de centralização do poder os mesmos grupos sociais: os reis, a burguesia e os nobres feudais. Cada um desses grupos era movido por interesses próprios. Muitas vezes, esses interesses eram convergentes; outras vezes, radicalmente opostos.
     Para a burguesia, novo grupo social se formava, a descentralização política do feudalismo era inconveniente. Isso porque submetia os burgueses  aos impostos cobrados pelos  senhores e dificultava a atividade comercial pela ausência de moeda comum e de pesos e medidas padronizados.

Burguesia: Retrato do casamento  de Jan van Eyck, pintor de Bruges. Esta imagem retrata o comerciante Giovani Arnolfini, no dia do seu casamento.

     Essas circunstâncias acabaram aproximando os burgueses dos reis, interessados em concentrar o poder em suas mãos. Nessa aliança, a burguesia contribuía com o dinheiro e o rei, com medidas políticas que favoreciam o comércio.  O dinheiro da burguesia facilitava aos reis a organização de um exercito para impor sua autoridade à nobreza feudal.
     Essa mesma nobreza feudal, por sua vez, encontrava-se enfraquecida pelos gastos com as Cruzadas e tinha necessidade de um apoio forte, até mesmo para se defender das revoltas camponesas, que se intensificavam. Procurou esse apoio nos reis, apesar de muitas vezes se sentir prejudicada com a política da realeza em favor da burguesia, que colocava fim a vários dos privilégios feudais. Dividido entre a burguesia e a nobreza feudal, o rei serviu como uma espécie de mediador entre os interesses dos dois grupos.
     Ao final de um longo período, esse processo acabou possibilitando a formação de um poder centralizado e a consolidação de uma unidade territorial. Com isso, formar-se-iam em diversas regiões da Europa monarquias com poder centralizado, nas quais os reis detinham grande parte do poder.
     Assim, a monarquia foi forma de governo sob a qual se organizou a Europa entre o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
Destacaremos a seguir, o processo de formação de algumas monarquias européias desse período.

A Monarquia Francesa

     Ao longo da Idade Média, o território francês sofreu com o processo de desfragmentação política motivado pelo surgimento do feudalismo. Somente no século XII, ainda durante a dinastia capetíngia, o processo de centralização política francês foi iniciado pelo rei Filipe II. Usando dos conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional.
     A formação desse imponente exército e a vitória contra os ingleses permitiu a ampliação do poder político real. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveriam impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades através de uma carta de franquia, documento concedido pelo próprio monarca que liberava os centros urbanos das taxações feudais.
     Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única moeda nacional. Tempos depois, no governo de Filipe IV, o Belo, a autoridade monárquica já era uma realidade presente. No ano de 1302, a assembléia dos Estados Gerais – composta pelo clero, a nobreza e os comerciantes – foi criada com o intuito de reafirmar a ação política do rei.
     Através desse órgão, o rei Filipe IV conseguiu impor taxas sobre as propriedades da Igreja. A ação do monarca francês foi imediatamente repreendida pelo papa Bonifácio VIII, que ameaçou o rei de excomunhão. Com a morte do papa, Filipe IV interferiu para que o cardeal francês Clemente V fosse escolhido como papa e, além disso, forçou que a sede do Vaticano fosse transferida para a cidade de Avignon. Nas décadas seguintes, esse episódio marcou uma rixa entre o Estado francês e a Igreja conhecida como o “cativeiro de Avignon” ou “Cisma do Ocidente”.
     A essa altura, a supremacia da autoridade monárquica francesa parecia não ter mais nenhum tipo de obstáculo. No entanto, as disputas fiscais e territoriais com a Inglaterra inseriram o Estado francês nos prolongados e penosos conflitos que marcaram a Guerra dos Cem Anos. Ao longo do século XIV, os gastos com a guerra e as conturbações sociais provenientes da Peste Negra e das revoltas camponesas abalaram a supremacia monárquica. Somente no século seguinte, uma série de levantes populares conseguiu interromper as seguidas vitórias dos britânicos na guerra.
     Foi nesse contexto que surgiu a mítica figura de Joana D’Arc, uma humilde filha de camponeses que comandou diversas lutas contra a Inglaterra, alegando cumprir ordens divinas. Essas vitórias fortaleceram politicamente Carlos VII, que foi coroado como rei da França e reorganizou a reação militar contra os britânicos. Mesmo sendo queimada em 1430, acusada de heresia, os feitos heróicos de Joana serviram para que os franceses voltassem a se empenhar na luta.
     No ano de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do território francês e passou a comandar com amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses, centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.


Carlos VII e Filipe IV: personagens centrais do processo de formação da monarquia na França.

     A Monarquia Francesa se consolidou, definitivamente, nos séculos XIV e XV, durante a Guerra dos Cem Anos contra a Inglaterra. Aliás, esse conflito foi importante também para a Inglaterra consolidar seu poder central.

A Monarquia Inglesa

     Nas Ilhas Britânicas, em meados do século XI, havia quatro reinos: Escócia, pais de Gales e Irlanda, formados por povos celtas, e Inglaterra, formada por povos anglo-saxões.
     Em 1066, o duque Guilherme, da Normandia (região do norte da França) invadiu e conquistou a Inglaterra.
     Guilherme, o Conquistador, como ficou conhecido, era vassalo do rei francês. Ele dividiu a Inglaterra em condados, para os quais nomeou um funcionário para representá-lo.  Esse funcionário tinha autoridade sobre todos os habitantes, fossem eles senhores ou camponeses. Com isso Guilherme acabou fortalecendo o seu poder.

Imagem de Guilherme, o Conquistador
     Em 1154, um nobre frances, Henrique Plantageneta, parente de Guilherme, herdou a Coroa do Reino da Inglaterra, passando a chamar-se Henrique II (1154-1189). Nesse período ocorre de fato a centralização do poder na Inglaterra.
     Henrique II foi sucedido por seu filho, Ricardo Coração de Leão (1189-1199). Dos dez anos de seu governo, Ricardo ausentou-se da Inglaterra por nove anos, liderando a Terceira Cruzada e lutando no continente europeu para manter seus domínios nas Ilhas Britânicas. Essa longa ausência causou o enfraquecimento da autoridade real e o fortalecimento dos senhores feudais.
     No reinado de João Sem-Terra (1199-1216), irmão de Ricardo, o enfraquecimento da autoridade real foi ainda maior. Após ser derrotado em conflitos com a França e com o papado, João Sem-Terra foi obrigado, pela nobreza inglesa, a assinar um documento chamado Magna Carta. Por esse documento, a autoridade do rei da Inglaterra ficava bastante limitada. Ele não podia, por exemplo, aumentar os impostos sem prévia autorização dos nobres. A Magna Carta estabelecia que o rei  só podia criar impostos depois de ouvir o Grande Conselho, formado por bispos, condes e barões.
     Henrique III (1216-1272), filho e sucessor de João Sem-Terra, além da oposição da nobreza, enfrentou forte oposição popular. Um nobre, Simon de Montfort, liderou uma revolta da aristocracia e, para conseguir a adesão popular, convocou um Grande Parlamento, do qual participavam, além da nobreza e do clero, representantes da burguesia.
     No reinado de Eduardo I (1272-1307), oficializou-se a existência do Parlamento. Durante os reinados de Eduardo II e de Eduardo III, o poder do parlamento continuou a se fortalecer. Em 1350, o parlamento foi dividido em duas câmaras: a Câmara dos Lordes, formada pelo clero e pelos nobres, e a Câmara dos Comuns,  formada pelos cavaleiros e pelos burgueses.
     Como podemos ver, na Inglaterra o rei teve seu poder restringido pela Magna Carta e pelo Parlamento. Mas isso não significou ameaça à unidade territorial ou um poder central enfraquecido , muito pelo contrário. Comandada pelo rei, conforme os limites impostos pelo Parlamento, a Inglaterra tornar-se-ia  um dos países mais poderosos da Europa, a partir do século XVI. Até hoje, a Inglaterra é uma monarquia parlamentarista.

A Torre de Londres foi, durante a Idade Média, o centro do poder real na Inglaterra. À medida que o Parlamento foi conquistando seus poderes, ela teve sua importância diminuída.


A Monarquia Portuguesa


     Portugal foi um dos primeiros países da Europa a consolidar um governo forte, centralizado na pessoa do rei. A formação da Monarquia Portuguesa iniciou-se nas lutas pela expulsão dos árabes que, desde o século VIII, ocupavam a península Ibérica. Essas lutas ficaram conhecidas como guerras de Reconquista.
     Durante o domínio árabe, os povos cristãos ficaram restritos ao norte da península. A partir do século XI, pouco a pouco eles conseguiram ampliar seu território. Foram fundados, então, vários reinos, entre os quais Aragão, Navarra, leão, Castela. Com isso os muçulmanos começaram a recuar em direção ao litoral sul.
     Durante as guerras de Reconquista, destacou-se o nobre Henrique de Borgonha. Como recompensa, ele recebeu do rei de Leão e Castela, Afonso VI, a mão de sua filha e as terras do condado portucalense.
     O filho de Henrique de Borgonha, Afonso Henriques, proclamou-se então rei de Portugal em 1139, rompendo os laços com Leão e Castela. Tinha início, assim, a dinastia de Borgonha. Afonso Henriques, o Conquistador, estendeu seus domínios para o sul, até o rio Tejo, e fez de Lisboa sua capital.
     Em 1383, com a morte do último rei da dinastia de Borgonha, D. Fernando, o Formoso, a Coroa portuguesa ficou ameaçada de ser anexada pelos soberanos de Leão e Castela, parentes do rei morto. Os portugueses não desejavam que seu país fosse governado por um rei estrangeiro. A burguesia, por sua vez, temia ver seus interesses comerciais prejudicados pelos nobres castelhanos.
     Para evitar a perda da independência, os portugueses aclamaram D.João, meio- irmão do rei morto, como novo rei. João, mestre da cidade de Avis, venceu os espanhóis e assumiu  o trono. O apoio financeiro da burguesia foi decisivo nessa vitória. Assim, durante toda a dinastia Avis, os reis favoreceram e apoiaram as atividades burguesas.

A Monarquia Espanhola



     A formação da monarquia espanhola também está ligada às guerras de Reconquista da península Ibérica. Vimos que durante esse processo diversos reinos foram constituídos. Em 1469, o casamento de Fernando (herdeiro do trono de Aragão) com Isabel (irmã do rei de Leão e Castela) uniu três reinos. Era o primeiro passo para a formação da Espanha.
     Em 1492, os exércitos de Fernando e Isabel apoderaram-se de Granada e expulsaram definitivamente os árabes da península Ibérica, consolidando a monarquia espanhola.
     No século XVI, com Carlos I, a Monarquia Espanhola fortaleceu-se ainda mais.

As rebeliões camponesas

     Além das guerras internas e externas e dos interesses da burguesia, outro movimento contribuiu para o fortalecimento do poder dos reis: as revoltas camponesas.
     Essas revoltas eram conseqüência da fome, da miséria e da exploração dos camponeses. Assustados com as rebeliões, os senhores feudais aceitavam a autoridade do rei, que, fortalecido, podia organizar exércitos para reprimir os numerosos movimentos de contestação.
     Na França, as principais rebeliões ganharam o nome de jacqueries. Isso   em virtude da expressão “Jacques Bonhomme”, designação desdenhosa usada pelos nobres para referir-se a qualquer camponês (algo como Zé Ninguém). Na Inglaterra, os rebeldes foram liderados por um camponês artesão chamado Wat Tyler e por um padre de nome John Ball.
     Os camponeses na França e Inglaterra lutavam por melhores condições de vida. Não suportando mais as pesadas taxas exigidas pelos nobres, eles invadiam os castelos e saqueavam  os depósitos de alimento.
     As revoltas não duraram muito tempo, pois foram reprimidas com violência pelos exércitos ligados ao rei. Mesmo assim, contribuíram para mostrar a capacidade de organização e de luta dos camponeses.


Os jacques são massacrados em Meaux. Gaston Phébus, conde de Foix, liberta as donzelas da Normandia e de Orleães. (9 de junho de 1358) (BNF , FR 2643), fol. 226v, Jean Froissart, Chroniques, Flandre, Bruges XVe s. (170 x 200 mm)




fonte site: www.sohistoria.com.br


quinta-feira, 28 de junho de 2012

A Era dos Impérios ERIC J. HOBSBAWM


A Era dos Impérios (1875-1914). 
Era das Revoluções (1789-1848)
A Era do Capital (148-1875)
A Era dos Impérios (1875-1914)


- Com as três obras o autor pretende explicar o século XIX e seu lugar na história.
Explicar aquele mundo por qual passava por um processo de transformação revolucionária.
“Localiza AS RAÌZES de nosso presente no solo do passado”.

“A história é sempre a incompleta e problemática reconstrução do que já não existe [...] a História é uma representação do passado” Pierre Norra.

 - Em 1914: Gandhi tinha 45; Lênin tinha 44 anos; Churchill (40 anos); Stalin tinha 35 anos; Keynes tinha 32anos; Roosevelt tinha 30 anos; Hitler tinha 25 anos; Mao Tse-tung (21 anos); Charles de Gaulle (20 anos); Mussolini (13 anos).

A Era dos Impérios foi a mais significativa na formação do pensamento moderno p. 16.

A Era dos Impérios exige desmistificação. Pois, não sabemos o quanto dela ainda vive em  nós.p. 19.

- As pessoas no final do século XX ainda estavam envolvidas com o período que se encerrou em 1914.
A origem de parte do que caracteriza o final do século XX, ainda são os 30 anos que antecederam a 1º Guerra Mundial p. 20.

- Belle Époque: representa os encantos da memória (da elite), é a versão elitista do período.

O eixo central em que foi organizada a história do século XIX foi o triunfo e a transformação do capitalismo liberal p. 23.

- (Obstáculos que se opunham ao progresso burguês durante os anos 1848-70)

a)      Antigo Regime;
        b) Economia Fechada;- Durante o período, as contradições do capital não estavam plenamente visíveis.- Foi um período de estabilidade social dentro da zona de economias industriais desenvolvidas. Ou seja, os pobres foram controlados.

A Era dos Impérios
foi um período de PAZ sem paralelo no mundo ocidental, que gerou uma Era de Guerras Mundiais igualmente sem paralelo p. 24.

Foi essa Era que gerou em sua PERIFERIA as forças da rebelião e revolução que a tragariam. - Após a primeira guerra o mundo viveu o grande medo: de uma segunda guerra. -

Era dos Impérios

Movimento das massas organizadas da classe dos trabalhadores assalariados emergiu exigindo a derrubada do capitalismo. O movimento operário emergiu em economias prósperas. Nesse período, a DEMOCRACIA liquidou o LIBERALISMO BURGUÊS enquanto força política.
(p. 25)


A Era dos Impérios representou o avanço do mundo burguês liberal rumo a sua morte estranha.

- MORTE ESTRANHA: pois aconteceu em seu apogeu. O progresso revelou as contradições inerentes ao sistema.

A civilização criada pela e para a burguesia liberal ocidental não era uma forma permanente do mundo industrial moderno. Era apenas uma fase de seu desenvolvimento P. 26.

Durante o período o desenvolvimento do mundo se identificou ao da sociedade liberal burguesa do século XIX.

- A revolução que vigora na memória do mundo não é mais a francesa.- O mundo econômico se transformou de tal monta que se tornou IRRECONHECÍVEL. Isso exigiu que os teóricos inventassem novos CONCEITOS. A sociedade não era mais liberal.

- A Era dos Impérios:

Parecia antecipar e preparar um mundo qualitativamente diferente do passado. (p. 27).- Vivia-se o centenário da revolução francesa.

Não há como voltar ao mundo da sociedade liberal burguesa [...] ele agora pertence à História. p. 27.

- 1880: a) numericamente maior do que o mundo de 1780 e geograficamente menor;

 b) a Europa era a região mais importante da economia mundial. Foi o século mais europeu que se conhece.

c) O mundo subdesenvolvido eram colônias ou ex-colônias.

d) ALTA TAXA DE MIGRAÇÃO: válvula de escape que mantinha a pressão social abaixo do ponto de rebelião.- A Revolução Industrial contribuiu para a guerra.- INDÚSTRIA: critério de desenvolvimento de MODERNIDADE. (p.40).

- Os países desenvolvidos eram ainda essencialmente agrícolas p. 40.

- No entanto, passavam por um rápido processo de urbanização. Desenvolvimento no mundo capitalista nãocombina com vida rural.-
A IGUALDADE REAL convivia com a IGUALDADE JURÍDICA.
O que define o século XIX era a MUDANÇA em função das regiões dinâmicas (núcleo do capitalismo desenvolvido) p. 46.

A história linear e cronológica parecia sinônimo de progresso

. O homem genérico aumentava sua capacidade de transformar a natureza.

Era na TECNOLOGIA e em sua consequência mais óbvia, o crescimento da produção material e da comunicação, que o PROGRESSO era mais evidente p. 47.

As ferrovias constituía o esforço de construção pública mais importante já empreendido pelo homem p. 48.

- MAQUINA (feita de ferro) era movida a VAPOR (carvão como fonte de energia)

- No mundo desenvolvido, o PROGRESSO era distribuído de forma desigual.

- A ciência tentou mostrar que era desenvolvido, pois tinham raças geneticamente superiores, mais eficientes,biologicamente mais evoluídas.

A grande depressão fechou a longa era de liberalismo econômico p. 63.

- O Liberalismo favoreceu os países manufatureiros. - Nação e Liberalismo passaram a desdizerem-se mutuamente.

O LIBERALISMO foi a anarquia da burguesia p. 66.
- O liberalismo econômico foi bom para os Estados Nacionais que tinham força de protegerem suas economias da concorrência externa.

O protecionismo expressava uma situação de concorrência econômica internacional p. 68.
- O PROTECIONISMO (1880-1914) incentivou as indústrias nacionais. A produção aumentou mais do que no período liberal.

O Cartel avançou às custas da concorrência de mercado

O taylorismo não se difundiu na Europa antes de 1914p.71.

TAYLORISMO: Forma eficiente de controlar todo o processo de produção;Isola o trabalhador do grupo; Divisão sistemático-cronometrada de cada processo; Diferenciação salarial = premia quem produz mais.- Quando o Mundo entrava em depressão as potências repartiam entre si as colônias.

- IMPERIALISMO: pressão do capital por investimentos mais lucrativos e busca de mercados para escoar mercadorias produzidas.

A economia estava estruturada para transferir a pressão do capital por lucros aos operários p. 76.

A ERA DOS IMPÈRIOS foi essencialmente caracterizada pela rivalidade entre os estados    p. 80.

- POLÍTICA EXPANSIONISTA: conquista de colônias.- A expansão colonial é um subproduto da expansão comercial.
- BELLE ÉPOQUE: 1890-1914.
Coincidentemente a fase demonstrou uma queda do valor dos salários = explosão social. (Telefone, bicicleta, telégrafo, cinema, automóvel).- A rivalidade política entre os estados se juntou com as rivalidades entre os empresários nacionais.
As economias modernas amplamente controladas, organizadas e dominadas pelo Estado foram produto da primeira guerra mundial p. 84.

- Para a classe operária, as décadas que precederam 1914 não figuram como uma idade de ouro p. 85.

 Para os ricos, o pós Belle Époque representou um paraíso perdido.

Cap. 3
 – 
A Era dos Impérios (p. 87).

“Era muito provável que uma economia mundial cujo ritmo era determinado por seu núcleo capitalista desenvolvido ou em desenvolvimento se transformasse num mundo onde os avançados dominam os atrasados”

Em suma,num mundo de impérios” p. 87.

 - O período é assim chamado por caracterizar um imperialismo moderno.
“Foi o período da história mundial moderna em que chegou ao máximo o número de governantes que se autodenominavam imperadores”  p. 88.

“Num sentido menos superficial, o período que nos ocupa é obviamente a era de um novo tipo de império, o colonial” p. 88.

 - Desde a Idade Moderna a supremacia Ocidental era notável, no entanto, até então não havia nenhuma tentativa sistemática de traduzi-la em conquista formal, anexação e administração.

- Com exceção da Europa e América, o mundo foi formalmente dividido.- As vítimas do processo foram os antigos impérios europeus pré-industriais sobreviventes da Espanha e Portugal.

- A áfrica e o pacífico foram completamente divididos.

- Na América Latina, a dominação econômica foi realizada sem a conquista formal.
“As Américas constituíam a única região importante do globo onde não houve rivalidade séria entre grandes potências” p. 91.

- A Doutrina Monroe

1 - estava em desenvolvimento.
“Essa repartição do mundo entre um pequeno número de Estados, que dá título ao presente volume, foi a expressão mais espetacular da crescente divisão do planeta em fortes e fracos” p. 91.


“Entre 1976 e 1015, cerca de um quarto da superfície continental do globo foi distribuído ou redistribuído, como colônia, entre meia dúzia de Estados”p. 91.

- 1880: representava uma nova fase no padrão geral do desenvolvimento, notadamente diferente do mundo liberal (livre comércio\ livre concorrência).

O papel do Estado passou a se consolidar.

- Interpretação heterodoxa: o período representou mais uma fase de desenvolvimento do capitalismo. P. 92.

- Em 1916, Lênin a conceitua de Imperialismo.

- O colonialismo é um dos aspectos dessa mudança mais geral. O conceito de imperialismo faz alusão ao colonialismo.

“Era um termo novo para designar um fenômeno novo” p. 92.

 - No entanto, há que defendia que o fenômeno era antigo.

“O cerne da analise leninista era que as raízes econômicas do novo imperialismo residiam numa nova etapa específica do capitalismo que levava à divisão territorial do mundo entre as grandes potências capitalista” p. 93.

- O capitalismo monopolista conduziu ao colonialismo.

- Os pensadores não marxistas negaram a conexão entre o imperialismo com o capitalismo, ou com uma etapa específica dele. Negou que o imperialismo beneficiasse os imperialistas.

Negou que a exploração das zonas atrasadas fosse, de alguma forma, essencial ao capitalismo.

- O maior fato do século XIX foi a criação de uma economia global única. Sem ela, não dá para entender as disputas imperialistas.

“As minas eram os principais pioneiros da abertura do mundo ao imperialismo, muito eficazes nesse papel, porque os lucros eram suficientemente excepcionai para justificar também a construção de ramais de ferrovias” p. 97.

 - A função das colônias era complementar as economias metropolitanas.

- CAUSAS:
a) pressão do capital por investimentos mais rentáveis do que os realizados em seus países de origem (o imperialismo tem a ver com a exportação de capital);

b) a procura por mercados; c) o protecionismo das grandes potências.

“O Novo Imperialismo foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1880” p. 101.

 - O protecionismo é a economia operando com a ajuda da política.- Motivos econômicos para a aquisição de territórios coloniais gerou ação política imperialista.

- O Capitalismo de 1860 é diferente do de 1880. O último é marcado por economias nacionais rivais,protegendo-se uma das outras.

“Para evitar a guerra civil era preciso se tornar imperialista” Cecil Rhodes.

- Os defensores argumentavam sobre os benefícios do imperialismo para os operários metropolitanos.

- Devemos nos orgulhar da revolução industrial? Do imperialismo que ela gerou?

“O impacto econômico do imperialismo foi significativo, mas mais significativa foi sua profunda desigualdade, pois as relações entre metrópoles e países dependentes eram altamente assimétricas” p. 110.

“O que o imperialismo trouxe às elites efetivas ou potenciais do mundo dependente foi, portanto, essencialmente a OCIDENTALIZAÇÃO” p. 115.

- As sociedades não-européias eram tratadas como inferiores.
“O triunfo imperial gerou um tempo de incertezas”p. 122.

- O imperialismo leva ao parasitismo do centro?